O homem, o universo e a transformação
(PaTTi Cruz)
Embora não nos faltem indagações, embora algumas respostas apareçam, a pergunta é sempre o que nos direciona o caminho. Estamos sempre insatisfeitos, por isso estamos aqui, na busca de mais; de mais saber, de mais acreditar, de mais existir, de mais transformar e transformar-se. É esta busca, esta incessante busca, esta sensação de garganta seca, suplicando pelo conhecimento derramado que nos move. A pergunta é só o pretexto para não parar de existir.
De acordo com Fayga Ostrower[1], o homem comanda a partir das suas referências seu processo de transformação e a construção de seu caminho. Este processo ocorre ininterruptamente, durante sua trajetória de existência e as implicações de suas ações sobre o contexto em que vive e mais amplamente, sobre o universo darão o tom e ritimo a caminhada. Fayga Ostrower, nos diz que toda a atividade humana está inserida em uma realidade social, cujas carências e cujos recursos materiais e espirituais constituem o contexto de vida do indivíduo. São esses aspectos, transformados em valores culturais, que o solicitam e motivam-no a agir. Nas palavras de Fayga criar é, basicamente formar, isto é, poder dar uma forma a algo novo. Fayga traz ainda a idéia de que as formas de percepção sobre as coisas, o mundo e a construção e, a percepção sobre as relações não se estabelecem ao acaso, há sempre um nexo, um sentido. E o homem é o centro focal que estabelece as relações entre os fenômenos que acontecem a sua volta, ligando-os entre si e vinculando-os a si mesmo. É possível acreditar que estas relações são feitas a partir das sensações e sentimentos atribuídos aos fatos e acontecimentos de acordo com as expectativas, desejos, medos e, sobretudo de acordo com a maneira que ordenamos todos estes sentimentos e as atribuições de valores em relação a eles. É nesta busca de ordenar e de significar, como menciona Fayga, que está colocada a intensa motivação do homem de criar. Ordenando, configurando, relacionando e significando os fenômenos, atribuindo e valorando o sentido das ordenações e formas, o homem comunica-se com seus pares e com o meio. Nestas ações despertam-se as possibilidades, suas potencialidades, que segundo Fayga se convertem em necessidades existenciais.
A percepção de si mesmo dentro desta ação é, de acordo com Fayga, um aspecto relevante que distingue a criatividade humana, impelida por novas necessidades, numa constância de movimentos, o potencial criador do homem surge na história como fator de realização e permanente transformação.
Em um processo de gestação de nós mesmos, vamos traçando nossos caminhos no útero do universo, numa ânsia de fazer eclodir nossos sentimentos em formas e cores, em pleno contato com as sutilezas que nos habitam. A partir desta manifestação caleidoscópica podemos dar forma a uma comunicação que se estabelece com o outro, muitas vezes reflexo de nós mesmos. Assim, dando forma o homem transforma, vai se configurando, configurando sua história e deixando sua marca, ele se descobre sujeito que cria e se recria neste universo a partir de si mesmo, a partir dos vínculos com seus semelhantes, que podem ser sujeitos também de singularidades e diferenças.
(PaTTi Cruz)
Embora não nos faltem indagações, embora algumas respostas apareçam, a pergunta é sempre o que nos direciona o caminho. Estamos sempre insatisfeitos, por isso estamos aqui, na busca de mais; de mais saber, de mais acreditar, de mais existir, de mais transformar e transformar-se. É esta busca, esta incessante busca, esta sensação de garganta seca, suplicando pelo conhecimento derramado que nos move. A pergunta é só o pretexto para não parar de existir.
De acordo com Fayga Ostrower[1], o homem comanda a partir das suas referências seu processo de transformação e a construção de seu caminho. Este processo ocorre ininterruptamente, durante sua trajetória de existência e as implicações de suas ações sobre o contexto em que vive e mais amplamente, sobre o universo darão o tom e ritimo a caminhada. Fayga Ostrower, nos diz que toda a atividade humana está inserida em uma realidade social, cujas carências e cujos recursos materiais e espirituais constituem o contexto de vida do indivíduo. São esses aspectos, transformados em valores culturais, que o solicitam e motivam-no a agir. Nas palavras de Fayga criar é, basicamente formar, isto é, poder dar uma forma a algo novo. Fayga traz ainda a idéia de que as formas de percepção sobre as coisas, o mundo e a construção e, a percepção sobre as relações não se estabelecem ao acaso, há sempre um nexo, um sentido. E o homem é o centro focal que estabelece as relações entre os fenômenos que acontecem a sua volta, ligando-os entre si e vinculando-os a si mesmo. É possível acreditar que estas relações são feitas a partir das sensações e sentimentos atribuídos aos fatos e acontecimentos de acordo com as expectativas, desejos, medos e, sobretudo de acordo com a maneira que ordenamos todos estes sentimentos e as atribuições de valores em relação a eles. É nesta busca de ordenar e de significar, como menciona Fayga, que está colocada a intensa motivação do homem de criar. Ordenando, configurando, relacionando e significando os fenômenos, atribuindo e valorando o sentido das ordenações e formas, o homem comunica-se com seus pares e com o meio. Nestas ações despertam-se as possibilidades, suas potencialidades, que segundo Fayga se convertem em necessidades existenciais.
A percepção de si mesmo dentro desta ação é, de acordo com Fayga, um aspecto relevante que distingue a criatividade humana, impelida por novas necessidades, numa constância de movimentos, o potencial criador do homem surge na história como fator de realização e permanente transformação.
Em um processo de gestação de nós mesmos, vamos traçando nossos caminhos no útero do universo, numa ânsia de fazer eclodir nossos sentimentos em formas e cores, em pleno contato com as sutilezas que nos habitam. A partir desta manifestação caleidoscópica podemos dar forma a uma comunicação que se estabelece com o outro, muitas vezes reflexo de nós mesmos. Assim, dando forma o homem transforma, vai se configurando, configurando sua história e deixando sua marca, ele se descobre sujeito que cria e se recria neste universo a partir de si mesmo, a partir dos vínculos com seus semelhantes, que podem ser sujeitos também de singularidades e diferenças.
Nesta diversidade de similitudes e complementaridades, convoca-se o homem a projetar seu ideal de mundo. Contudo, o homem só transforma o que está fora, ao seu redor, quando necessariamente transforma, primeiro aquilo que está dentro de si. Seu olhar e percepção não têm alcance adiante, quando antes não estiver voltado em sua própria direção, em uma busca de ajuste, de equilíbrio de si mesmo neste espaço de relação: homem-universo-homem. É quase, como se infinitamente, o homem tivesse que lapidar o equilíbrio todos os pardos ou coloridos dias na constante caminhada de seu destino à transformação.
No movimento do universo, na roda da vida que gira, dinamicamente no espaço da existência humana, na qual estamos agarrados, o que nos sustenta é esta leveza de sentir a poesia do mundo, nos seus diferentes contextos. A poesia que nos fala sobre as adversidades e bem-aventuranças, a poesia que nos canta e encanta, a poesia que nos alimenta. E embalados por esta poesia o universo dança dentro de nós. Nosso ritmo interno se projeta nas linhas da partitura da melodia do mundo e este som tem o tom que damos a ele, a partir do que pensamos, do que somos e do que desejamos, a partir do que acreditamos e sonhamos é que se nasce para tudo que existe a nossa volta. Na poética dos movimentos, das palavras, projetamos sentimentos e na regência desta orquestra de cordas que tramam a roda da vida, neste ato que não é apenas pura e simples contemplação, mas a ação equilibrada de tudo que nos compõem é que adquirimos nossa identidade de ser.
[1] Fayga Perla Ostrower (Lodz, Polônia 1920 - Rio de Janeiro RJ 2001). Gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, ceramista, escritora, teórica da arte, professora.
No movimento do universo, na roda da vida que gira, dinamicamente no espaço da existência humana, na qual estamos agarrados, o que nos sustenta é esta leveza de sentir a poesia do mundo, nos seus diferentes contextos. A poesia que nos fala sobre as adversidades e bem-aventuranças, a poesia que nos canta e encanta, a poesia que nos alimenta. E embalados por esta poesia o universo dança dentro de nós. Nosso ritmo interno se projeta nas linhas da partitura da melodia do mundo e este som tem o tom que damos a ele, a partir do que pensamos, do que somos e do que desejamos, a partir do que acreditamos e sonhamos é que se nasce para tudo que existe a nossa volta. Na poética dos movimentos, das palavras, projetamos sentimentos e na regência desta orquestra de cordas que tramam a roda da vida, neste ato que não é apenas pura e simples contemplação, mas a ação equilibrada de tudo que nos compõem é que adquirimos nossa identidade de ser.
[1] Fayga Perla Ostrower (Lodz, Polônia 1920 - Rio de Janeiro RJ 2001). Gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, ceramista, escritora, teórica da arte, professora.
Um comentário:
Acabei de conhecer um pouco das idéias desta artista pela bonita apresentação de vocês fizeram aqui.
Obrigado, de coração.
Parabéns pelo Projeto Ninho.
Matheus K F
Educador
(Matheuskf@hotmail.com)
Postar um comentário